mas se respeitam e até sorriem. Contudo, ao final de um culto, por causa de
um automóvel estacionado, elas brigam. Uma bloqueou o estacionamento da
outra, e então começam um grande bate-boca na porta da igreja. A turma do
"deixa-disso" aparece, e dissipa o foco de briga. Após o evento, juntam-se
uns com Maria, apoiando-a, e outros com Mhirtes, confortando-a.
O tempo passa e ambas fazem de conta que nada aconteceu. "Os incomodados que
se mudem", e esperam que a outra vá embora da igreja. O pastor, contudo,
espera que ambas se reconciliem. O tempo passa rápido. Três meses.
"Maria, não vai mais falar com Mhirtes?" "Deus me livre, pastor. Não quero
nem papo, nem olhar pra ela". "Maria, não é assim que devemos fazer.
Precisamos perdoar as ofensas, foi isso que o Mestre nos ensinou em Sua
palavra". "Ah, pastor, eu ainda não cheguei nesse capítulo..." E os dias
correm.
Chega a Ceia do Senhor. Aliás, mais uma Ceia, onde ambas, bicudas, iriam
rejeitar o cálice e o pão. Mas, antes da celebração, chamei Maria e
disse-lhe: "Maria, hoje é o dia de dormir o sono dos justos!" "Como assim,
pastor?" "Hoje você deve perdoar como também foi perdoada, e acolher, como
também foi acolhida". "Mas ela me rejeitará, pastor!" Então eu digo: "E daí?
Que importa para você? O problema não será mais seu!"
Começa a Ceia. Dou a oportunidade para que os magoados e os magoadores,
busquem as pessoas prejudicadas ou prejudicantes, e que dêem o abraço
silencioso do perdão dado ou recebido. Começamos o canto do hino "Pão da
Vida, Pão dos Céus". Maria se levanta, cabisbaixa, vermelha, sem vontade,
mas obedecendo às instruções de Cristo, e busca Mhirtes, e a abraça. Mhirtes
sequer olha para Maria, mas a abraça, para não ficar feio diante dos outros.
Ao final, Maria me procura: "Pastor, Mhirtes nem me acolheu!" "E daí, Maria?
Você fez a sua parte! O problema não é mais seu, mas dela! Agora vamos orar
para ela também abrir a alma e o coração. Quanto a você, durma hoje o sono
dos justos" Maria sorriu e saiu. A impressão que tive é que ela flutuava, de
tão leve!
Isso não é ficção. Isso é fato, acontecido em meu ministério, apenas troquei
os nomes. E não é antigo. Infelizmente, cenas como essa existem aos montões,
pelas igrejas afora. Quantos de nós já não fomos protagonistas numa delas?
Quantos não fomos as vítimas, ou, pior ainda, não fomos os réus?
Gosto da Ceia do Senhor por isto: porque ela nos obriga a acertar as contas.
Do contrário, se deixarmos de participar, estaremos em pecado (examine-se o
homem, e COMA DO PÃO, diz I Coríntios 11.28). E, se participarmos
indignamente, seremos réus e poderemos adoecer e até morrer (vide o mesmo
capítulo). Não temos alternativa: a única que nos resta é consertar. Pois no
Reino de Deus não há espaço para a cara feia e para a mágoa. Nem para a raiz
de amargura e a inimizade. Essas coisas não devem existir e nem serem
nomeadas entre nós.
Se o seu coração está magoado, desmagoe-o, perdoando. Pense assim: "Toda vez
que eu me lembrar do que você fez, também vou me lembrar que perdoei você".
E viva feliz, desintoxicado do ódio, da mágoa e da dor!
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco, SP
bnovas@uol.com.br
www.uniaonet.com/bnovas.htm
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