vai chegando, vai povoando, vai tomando conta da bancada traseira. Os bancos
da frente ficam vazios, ou com o povo costumeiro. E a ladainha é sempre a
mesma: o dirigente toma a palavra, e faz a convocação: "convidamos os irmãos
que estão mais atrás, que assumam os lugares mais à frente, por favor". Uns
poucos vão. Outros, continuam em seus lugares. "Daqui ninguém me tira. Quero
ver!", é o que parece que alguns pensam.
E por que esse gosto, esse prazer pelos bancos de trás?
Bom, penso eu que há várias razões.
Há aqueles que estão loucos para ir embora. Já chegam pensando em sair! Até
rádio de pilha, em dias de jogo, trazem! Claro, com fone de ouvido. O duro é
quando seus times fazem um gol. Me lembro num culto, um espertalhão desses
ouviu no rádio o seu time fazer gol. Não agüentou a alegria, e ia gritar
"GOOOLLLL!!!". Mas, no meio do grito, lembrou-se de que estava na igreja.
Então não teve dúvidas: adaptou o seu grito e saiu: "GOOLLLOORIAAAA!!!!" Que
vergonha... Sim, e quanto mais atrás, mais fácil pra sair. Incomoda menos
gente, está mais perto da porta, não entala na hora da saída, com aquele
mundarel de gente cumprimentando o pastor ou os irmãos. Tem gente que está
só de corpo presente, quando muito!
Também tem "a turma do fundão". É. Lembra-se daquela galera do fundo da
classe, lá na escola, que ficava arremedando o professor, fazendo piadinha
de tudo que via, ou namorando, jogando aviãozinho de papel e passando
recadinho? Essa galera está também em muitos fundões do templo. É a moçada
que parece ter coceira, não para quieta, e o fundão é menos visível aos
olhos do chato do pastor. Até que alguém dá uma risada mais alta, e um
diácono chega pra por fim à festa...
Há aqueles que estão procurando respeitar o preceito bíblico, de tomar os
últimos lugares. Jesus ensinou a não nos sentarmos nos primeiros bancos,
conforme Lucas 14.8. Bem, quando somos visitantes, tudo bem, pois bem pode
ser que estejam nos esperando, e logo virão nos buscar. Ou que tenham
assentos reservados para outros, e, se os tomarmos, passaremos vergonha,
deixando-os. Mas quando somos prata da casa, e esperamos que sempre alguém
venha nos dizer "oh, irmão, sentadinho aí atrás? Venha mais pra frente!",
ah, isso é ser mimado demais. Na verdade, somos dengosos, e sentar-se atrás
é uma maneira de fazer o povo ficar com dó da gente, nos tratar com cuidado.
Tadinho dele, tão sozinho, né, bebê?
Também tem o time dos "do contra". Quanto mais se pede para vir à frente,
mais eles vão para trás. É incrível! Acho que, num ambiente assim, é melhor
inverter o lado do púlpito de surpresa, e celebrar o culto de trás pra
frente, porque será a única forma de ter esses fujões nos bancos da frente!
(eu já fiz isso. E alguns adolescentes disseram: "xi, cara, sujou, o pastor
pegou pesado. Deu zica...")
Mas há um grupo que não deve ser ignorado. É o daqueles que estão buscando
um pouco de privacidade na sua adoração a Deus. O ambiente está tão cheio de
vozerios, de conversas, ensaios, bateção de bateria, objetos sendo
carregados, famílias encontrando-se nos corredores, que não há muito espaço
para alguém sentar-se, orar, refletir. Então, buscam aqueles assentos lá no
canto, na ponta, bem afastados, para poder ficar bem sozinhos. Isto é,
sozinhos com Deus. É triste, mas muitos templos não fazem por merecer o
título. Seriam anfiteatros, sala de reuniões, mercado de produtos
evangélicos, ponto de encontro de amigos, menos sala de oração. Como nos faz
falta um ambiente de oração e reflexão! Então as pessoas buscam as pontas,
um lugarzinho sossegado. Até que chega alguém e pede para ir mais para
frente...
Hoje eu fui pregar fora. Imaginem onde me sentei? No banco de trás...
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco, SP
Good News Partnership Missions, Brasil
www.uniaonet.com/bnovas.htm
bnovas@uol.com.br
tag by Sandr@, Brasília, DF
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