quinta-feira, 4 de setembro de 2008

10 - DUAS SACOLAS

(Em New York, em 1996)
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O crente deve munir-se sempre de duas boas sacolas. Deve andar com elas na
mente, no coração. Não precisa carregá-las nas mãos, porque de nada
adiantariam. Essas sacolas são simbólicas, não materiais. Mas, que devem
existir, ah, se devem!

Uma delas é furada. Sim, não tem fundo. Não está estragada não; ela foi
feita para não ter fundo. A outra é completa, com fundo.

Na sacola furada nós devemos guardar tudo o que nos magoa; tudo o que não
presta; todas as afrontas e injustiças que cometeram conosco; todas as más
recordações; todas as lágrimas que derramamos por dores e amarguras. Essa
sacola é uma bênção. Nós colocamos tudo ali, em grandes quantidades, e a
sacola nunca fica cheia! É ali que devem ser guardadas as discussões e as
brigas que tivemos. Ali também devem estar as humilhações a que nos
submeteram, as críticas que recebemos, as decepções que sofremos. É por isso
que a bíblia diz: "Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e
de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se
contaminem." (Hb 12:15)

Já na outra sacola, a completa, devemos guardar outras coisas. Devemos
guardar os amigos. Devemos guardar as alegrias e as coisas boas que nos
acontecem. Devemos guardar os jantares em família, os passeios e as festas
alegres. É ali que devemos guardar as coisas boas que nos marcam, para nunca
sermos ingratos com quem quer que seja. Ela é o depositário das boas
memórias. Nessa sacola deve ficar o primeiro encontro, o primeiro beijo, o
dia da conversão e batismo, o passeio e o intercâmbio da igreja, a
formatura, o noivado e o casamento, o nascimento do primeiro filho, o dia da
promoção, o dia em que a sogra cozinhou bem (...brincadeirinha...), enfim,
as coisas que dão alegria e contentamento à vida. É nesse sentido que as
Escrituras afirmam: "Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua
mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas
a dizer: Não tenho neles contentamento" (Ec 12:1)

Somos tão mesquinhos e mal-direcionados, que custamos a aprender em que
sacola guardar o que! Geralmente invertemos as memórias: guardamos o que não
presta num cofre com sete chaves, de onde nunca sai, e, com isso criamos
grandes tristezas e dissabores para as nossas vidas, amizades e futuro; e
armazenamos as coisas boas na sacola furada, esquecendo-nos com a maior
facilidade de cada uma delas! É incrível! Se, há quinze anos atrás, alguém
nos respondeu torto, com ira, basta olharmos para o seu rosto, e nos
lembramos com detalhes daquele dia. Mas, àquele que nos sorriu ante-ontem,
com carinho e consideração, simplesmente nos esquecemos!

Jogamos fora uma amizade de dez anos, com páginas incríveis de demonstrações
de carinho e consideração, por causa de uma única desavença!

Como diria Tiago, "Meus irmãos, não convém que isto se faça assim. (Tg 3:10)

Vamos organizar as nossas memórias. As coisas boas devem ir para a sacola
completa. As ruins para a sacola furada.

Veremos como é gostoso ser feliz!


Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco, SP
bnovas@uol.com.br
www.uniaonet.com/bnovas.htm

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